Japonesas presenteiam adversárias com Kimonos na Copa Mundo do Futsal Feminina 2024

Imagine perder um jogo por 6 a 0 e depois ainda presentear os seus rivais como um gesto de agradecimento pelo resultado adverso. Parece algo distante para a cultura do esporte sul-americano, certo? Mas não para os orientais. Durante a edição da Copa Mundo do Futsal Feminina, em andamento nesta semana na cidade de Cascavel, no Paraná, uma cena ganhou a simpatia de quem acompanha os jogos no Ginásio da Neva. É que a equipe japonesa do Fukui Maruoka presenteia as adversárias com kimonos após os jogos, independente do resultado.
Na última quarta-feira (26), as japonesas foram goleadas pelo Taboão Magnus, uma das principais equipes de futsal feminino do Brasil. Mas quem disse que elas ficaram desapontadas por sofrerem seis gols? Com sorriso no rosto e sentimento de satisfação, as próprias atletas escolheram as melhores jogadoras do time brasileiro e ofereceram os mimos trazidos do seu país natal. As meninas do Fukui ainda auxiliam as adversárias na hora de vestir o uniforme típico. O ato torna-se um momento de confraternização entre os dois povos.
“A vinda ao Brasil está sendo de muitas novidades para as atletas. É tudo muito diferente. Presentear as pessoas é algo da cultura japonesa e uma demonstração do respeito e da alegria por estarmos aqui. Não viemos só para jogar, mas também para fazer o intercâmbio cultural. As japonesas escolhem as atletas ao final dos jogos para presenteá-las com os kimonos. Elas estão adorando esse momento”, explica Adriano Luchetta, chefe da delegação e tradutor da equipe.
Para a cultura brasileira, o gesto das japonesas parece algo muito distante quando falamos de um país com uma forte tendência a acirrar rivalidades e valorizar apenas as vitórias. A atitude do Fukui na Copa Mundo do Futsal Feminina é um exemplo que vai ao encontro das objetivos principais da disputa, que é promover o intercâmbio técnico e cultural entre as principais equipes de futsal do mundo.
“É muito gratificante. A gente sabe o quanto a vestimenta significa para o povo japonês. É uma forma de demonstrar respeito por nós. O Futsal ultrapassa as quatro linhas. Ficamos felizes por aprender um pouco da cultura deles e a forma como foi memorável o gesto delas em quadra”, disse a ala Rarine, do Taboão.
O Fukui virou o xodó do público em Cascavel. No último jogo da Fase de Grupos, contra a equipe do NY Ecuador, até o som dos Taikôs, uma espécie de tambor japonês, pode ser ouvido no meio da galera. Para a alegria do torcedor, a equipe japonesa conquistou a classificação para as Quartas de Finais. Nesta sexta-feira (28), elas entram em quadra contra as russas da Kristall, a segunda melhor equipe da primeira fase.
A equipe japonesa do Fukui Maruoka já existe há 30 anos. Segundo Adriano Luchetta, um dos grandes objetivos do clube era disputar uma competição de nível mundial. Um sonho do treinador e das atletas há mais de 10 anos:
“Imagino que essa experiência aqui do outro lado do mundo vai ser muito boa e muito importante para a evolução de cada uma delas. As jogadoras daqui são mais fortes fisicamente que as japonesas. Individualmente, algumas jogadoras são mais habilidosas. Já deu para perceber o quanto elas já evoluíram com esse contato direto com outras equipes”.
Se a classificação para as semifinais não vier nesta sexta-feira, já terá valido a pena cada segundo no Brasil. As russas também levarão seus kimonos, e as japonesas nunca esquecerão o dia em que foram reverenciadas por um gesto que deveria ser trivial.
A Copa Mundo do Futsal Feminina é realizada pela Prefeitura Municipal de Cascavel, FMEC (Fundação Municipal de Esporte e Cultura), Stein Futsal, com apoio de Governo do Estado do Paraná e Sesc Fecomércio-PR, com patrocínio de Umbro e Mundo do Futsal.
Fotos: Maurício Moreira / Mundo do Futsal Eventos